O Corpo Ainda É Escuro
-Microcontos-
A dor é da cama, sem sustentação. O corpo em queda, doença parada dos olhos. O corte da pele do lençol não cicatriza.
Despediu-se sem saber que o afeto poupado lhe faltaria.
Nascemos gêmeos, idênticos. Hoje não somos nem parecidos.
Quando recortei a cara do bebê, cuidadoso, pude ver a engrenagem do seu sorriso que funcionava ainda sem saber da dor.
Fausto não dormiu naquela noite, desconfiado do cachorro que viu tudo.
Na última doença minha tia falou: agora é que não aprendo a pular corda.
Um escritor moreno descreve a sombra sem nem desconfiar do objeto.
Vivian pergunta sem me olhar nos olhos: - Vai demorar muito pra acabar?
A música se hospedava no seu ouvido vazio.
Douglas König de Oliveira
sexta-feira, 20 de março de 2009
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2 comentários:
Gostei muito dos microcontos, Douglas. Resolvi fazer alguns também... hehe.
Um beijo.
Gosto muito desses coisas curtas que dizem muito, mais que uma página cheia de letras ajuntadas inultimente, descrevendo o que não precisa ser descrito. E que a imaginação corra solta.
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