sexta-feira, 23 de novembro de 2007

chocolate granulácido clorídrico.

marco r castro

copo de biju com mariamole
sabor artificial
artificial mente
envolto em açúcar cristal

Açúcar, gelatina
ácidoclorídrico
alúmen de potássio

chocolate
granulado
colorido.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

mundo mágico

como é doce caminhar
por essa trilha
que fizemos com bambu
lírios e dentes-de-leão

se perguntam onde vai
nosso caminho encantado
vai até o mundo mágico
onde...

até onde vai você
ou eu.

sábado, 17 de novembro de 2007

Exercícios de escrita 1

A dor percorria o corpo como um peso ou um cansaço. Já não tinha mais vontade de sorrir. Ainda assim sorria... para disfarçar ou não perder o hábito. Por prazer descompromissado caminhava pela beira de um rio ocre e fétido. Encontrava leveza e beleza em alguns pontos da margem... folhas caidas no chão molhadas pela chuva do dia anterior davam um ar bucólico. Não fez conta do barulho dos carros. Não fez conta de que estava com a alma triste e vazia. Sem saber para onde ir, não tinha amigos, não tinha trabalho, não tinha pra quem ligar nem mandar e-mail.. não tinha família, nem amor nem nada... queria chorar, e os olhos até já se enchiam d´água... mas pra quê... sorriu para si a fraqueza de uma vida que lhe escapara pelas mãos.. a dor do corpo continuava lenta e implacável... por ela sabia que ainda havia vida no corpo quase morto. A mente apenas vagava lutando para não ter pensamentos negativos demais.. para quê... respirava fundo algumas vezes ... e seguia... lembranças de uma noite amena... risos... os retalhos mal compostos de um filme... o cansaço agora percorria as entranhas... o mergulho na solidão agora era leve... a dor já não doia tanto... conformou-se apenas com a sua contição de ser silencioso... resolveu apalpar com alegria tranquila a única maneira que tinha de ser feliz...
Silv!

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Um lagarto me sorrio hoje. A lua escaldante agigantava-se sobre a terra. O mundo já não possuia cor. Apenas uma vibração dilacerante de calor e agonia. Mas o lagarto parecia deleitar-se na esturricação do sol. Não se incomodava, não procurava sombra. Ficava ali, na grama da praça, debaixo da caldeira, contemplando os passantes. Sorria sarcásmo de arreganhar os dentes. Vez ou outra balançava-se para um lado e outro, piscava. Poderia mesmo estar morrendo, agonizante em seus últimos gestos de réptil. Ou alegrava-se por suicidar-se em público. Os passantes não o notavam. Mas este notava a todos... e a mim...

Silvana Silva de Souza