sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Um lagarto me sorrio hoje. A lua escaldante agigantava-se sobre a terra. O mundo já não possuia cor. Apenas uma vibração dilacerante de calor e agonia. Mas o lagarto parecia deleitar-se na esturricação do sol. Não se incomodava, não procurava sombra. Ficava ali, na grama da praça, debaixo da caldeira, contemplando os passantes. Sorria sarcásmo de arreganhar os dentes. Vez ou outra balançava-se para um lado e outro, piscava. Poderia mesmo estar morrendo, agonizante em seus últimos gestos de réptil. Ou alegrava-se por suicidar-se em público. Os passantes não o notavam. Mas este notava a todos... e a mim...

Silvana Silva de Souza

Um comentário:

Marco Aurélio disse...

tenho cisma com lagartos. Não sei no que pensam, não sei se ou ainda o que sentem. a imagem é fantástica, Silvana, esse deserto, essa incerteza que o lagarto nos transmite. o calor elevado e a cor da paisagem deixam ainda mais denso o ambiente.