quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

O Princípio









não se sabe ao certo se é o princípio ou se é o fim. apenas surge inexplicavelmente em algum lugar um ou mais pontos no escuro.
o efeito desse acontecimento, se pararmos para pensar, é extraordinário. um escuro total é invadido por um ponto branco, ou vermelho ou amarelado... depois outro e outro. estrelas pixeladas no abstrato dessa não-cor. do suposto nada, algumas linhas se desenham e formam o infinito. podemos imaginar as formas, as abstrações desses pixels. podemos imaginar o que o fez existir. uma explosão, uma reação qualquer? algo leve, algo pesado, podemos imaginar até uma tesoura perfurando o preto, uma lona se desfazendo, um plástico derretendo. podemos dizer que atrás do escuro as imagens sempre existiram. nunca nasceram.
na verdade, o evento seria maravilhoso, mas não acompanhamos os eventos diários. a maravilha se repete em cada amanhecer, mas não há tempo. todos os dias o relógio toca e nos levantamos a contragosto. café, cigarro, celular, chaves, ponto. ali passamos nossas oito horas e voltamos pra casa cansados demais para ler um livro ou assistir a um filme. cansados demais para transar ou para se incomodar em saber como os dias nascem e as noites morrem.


In: só se for mais





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